Fisioterapia na Doença de Alzheimer - Parte I
A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência. Apresenta placas senis no encéfalo, emaranhados neurofibrilares e perda de neurônios. Há atrofia cortical predominante no hipocampo, lobo temporal medial e regiões frontoparietais.
A doença apresenta três Estágios – Inicial, Moderado e Avançado.
O Estágio Inicial é de caráter incidioso. Surge falta de iniciativa, de interesse em atividades antes praticadas com prazer, e déficit progressivo da memória. Há dificuldade no planejamento e compreensão de atividades, bem como de lidar com finanças. Sinais de desorientação espacial.
Estágio Moderado: declínio de todas as funções cognitivas. Surgem as parafasias (trocas de fonemas ou palavras), apraxia e agnosia. Início das dificuldades motoras, lentificação global dos movimentos e diminuição da massa muscular.
Estagio Avançado: Todas as funções cognitivas são gravemente afetadas. Os distúrbios da fala evoluem da ecolalia para o mutismo. Há incontinência esfincteriana e grande dificuldade para deglutição.
Na fase terminal, a pessoa adota postura rígida em flexão. Podem surgir grandes úlceras por pressão e lesões nas palmas das mãos, por compressão destas pelos dedos flexionados. Total indiferença ao meio externo. Estado vegetativo.
As principais medicações são as drogas anticolinesterásicas (bloqueiam a enzima acetilcolinesterase) = Rivastigmina, Donepezil e Galantamina. Podem ser administrados neurolépticos como Risperidona; Olanzapina; Quetiapina, neuroprotetor Memantina e antidepressivos – Sertralina e Citalopram.
A fisioterapia tem como objetivo manter a capacidade física pelo maior tempo possível. Intervir nos aspectos que são tratáveis, procurando enfatizar pontos positivos do paciente, que contribuam para a otimização dos objetivos propostos.
Cuidados a serem tomados no atendimento fisioterapêutico:
Ø Monitorar constantemente os sinais vitais:
PA acima de 150 x 90 mmHg contra indica exercícios ativos com resistência, especialmente os isométricos.
PA acima de 160 x 100 mmHg, requer restrições mesmo com exercícios passivos e de alongamento. Em alguns casos, o ideal é deixar a pessoa em repouso.
Ø Trabalhar em locais calmos, sem distrações (conversas, sons, contraste/estímulo visual) que podem interferir na compreensão e na execução dos exercícios.
Ø Linguagem clara, objetiva, sem infantilizar o idoso, explicando de frente o que deve realizar.
Ø Quando preciso, usar recurso de imitação mostrando como executar a atividade.
Ø Garantir posições adequadas na realização dos exercícios, evitando sobrecarga em articulações e músculos.
Ø Solicitar ao paciente que não prenda a respiração durante os esforços, para que a apnéia não resulte em tontura pela diminuição da oxigenação cerebral.
Ø Observar a resposta do paciente frente à execução de dupla tarefa. Lembre-se que a atenção dividida pode estar prejudicada, interferindo no objetivo principal da terapia.
Os objetivos fisioterapêuticos devem levar em conta o estágio em que o paciente se enquadra, bem como as comorbidades associadas.
Objetivos de curto prazo: promover analgesia (quando necessário), avaliar o ambiente domiciliar (prevenção de quedas), prescrever dispositivos de auxilio à marcha (se necessário), melhorar força muscular, manter ADM e vias aéreas limpas.
Objetivos de longo prazo: promover analgesia (em doenças osteoarticulares crônicas), manter ADM; força muscular, adequar o tônus muscular, melhorar ou manter o equilíbrio e deambulação, manter volumes e capacidades respiratórias, evitar a síndrome do imobilismo.
Referências Bibliográficas:
DRIUSSO, Patrícia & CHIARELLO, Berenice. Fisioterapia Gerontológica. São Paulo: Manole, 2007, p. 122-123.
KATO, Eliane & RADANOVIC, Márcia. Fisioterapia nas Demências.São Paulo: Atheneu, 2007, p. 107-113.
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